domingo, 19 de junho de 2016

VITOR GONÇALVES 1934/35




Se o general Vasco Gonçalves, antigo Primeiro-Ministro, na politica, dividiu opiniões, já o seu pai, Vítor Gonçalves, mas no futebol, granjeou unanimidade. A todos os níveis, fosse como adepto, fosse como praticante, fosse como capitão, fosse como treinador. Um poço de virtudes. Da integridade à honra.

Vítor Gonçalves deixou vestígios inapagáveis no Benfica e no futebol português. Foi companheiro de Ribeiro dos Reis e de Cândido de Oliveira, personalidades respeitadas, como ele credoras do magister dixer. Companheiro foi também, com a divisa da águia, de António Pinho, Alberto Augusto, Homem de Figueiredo, Vítor Hugo, Raul Tamanqueiro.

Actuou quase uma década no Benfica. Era avançado. Futebolista inteligente, na percepção do binómio espaço/tempo. Jogador evoluído, com apreciáveis recursos técnicos. Atleta maduro, de forte sustentáculo emocional. Desportista irrepreensível, admirado até pelos adversários. Benfiquista inveterado, sorvedor da mística do clube. Que tão bem encarnou. Que tão bem transmitiu às gerações vindouras. Desde logo como treinador. Treinador campeão.
  
Na sua trajectória garrida, por uma vez chegou ao titulo regional de Lisboa, a principal prova do velho calendário. Foi em 1919/20, altura em que a equipa viajou por Espanha. Bateu o Atlético de Madrid (2-1) e o Pontevedra (7-3), tendo capitulado perante o Real Madrid (1-4) e o Real Vigo (0-2). Melhor, muito melhor, arrecadou, em dinheiro vivo, duzentos e onze escudos e quarenta centavos. Pasta era naqueles tempos.

Clube popular, talvez por isso mesmo, o Benfica dava sinais de vitalidade. Até na engenharia financeira. Assim foi para erguer o Campo das Amoreiras. O melhor de Lisboa era, também do país, um dos mais completos da Península Ibérica. Foi inaugurado a 13 de Dezembro de 1925, na época de Vítor Gonçalves, presente já no pequeno rol de internacional do futebol indígena.

Foi um homem vertical, um homem de fôlego, de talento. No futebol e na vida. No seu Benfica. O povo dos ideais vermelhos sempre lhe tributou sentido aplauso. Admirava-lhe, louvava-lhe a seriedade, a coragem, a dedicação, a arte. Era assim no Benfica. Era assim o Benfica. Muitos, muitos anos depois, deve ser, pode ser, tem de ser assim o Benfica.


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