VITOR GONÇALVES 1934/35
Se o general Vasco
Gonçalves, antigo Primeiro-Ministro, na politica, dividiu opiniões, já o seu
pai, Vítor Gonçalves, mas no futebol, granjeou unanimidade. A todos os níveis,
fosse como adepto, fosse como praticante, fosse como capitão, fosse como
treinador. Um poço de virtudes. Da integridade à honra.
Vítor Gonçalves deixou
vestígios inapagáveis no Benfica e no futebol português. Foi companheiro de
Ribeiro dos Reis e de Cândido de Oliveira, personalidades respeitadas, como ele
credoras do magister dixer. Companheiro foi também, com a divisa da águia, de
António Pinho, Alberto Augusto, Homem de Figueiredo, Vítor Hugo, Raul
Tamanqueiro.
Actuou quase uma década no
Benfica. Era avançado. Futebolista inteligente, na percepção do binómio
espaço/tempo. Jogador evoluído, com apreciáveis recursos técnicos. Atleta
maduro, de forte sustentáculo emocional. Desportista irrepreensível, admirado
até pelos adversários. Benfiquista inveterado, sorvedor da mística do clube.
Que tão bem encarnou. Que tão bem transmitiu às gerações vindouras. Desde logo
como treinador. Treinador campeão.
Na sua trajectória garrida,
por uma vez chegou ao titulo regional de Lisboa, a principal prova do velho
calendário. Foi em 1919/20, altura em que a equipa viajou por Espanha. Bateu o
Atlético de Madrid (2-1) e o Pontevedra (7-3), tendo capitulado perante o Real
Madrid (1-4) e o Real Vigo (0-2). Melhor, muito melhor, arrecadou, em dinheiro
vivo, duzentos e onze escudos e quarenta centavos. Pasta era naqueles tempos.
Clube popular, talvez por
isso mesmo, o Benfica dava sinais de vitalidade. Até na engenharia financeira.
Assim foi para erguer o Campo das Amoreiras. O melhor de Lisboa era, também do
país, um dos mais completos da Península Ibérica. Foi inaugurado a 13 de
Dezembro de 1925, na época de Vítor Gonçalves, presente já no pequeno rol de
internacional do futebol indígena.
Foi um homem vertical, um
homem de fôlego, de talento. No futebol e na vida. No seu Benfica. O povo dos
ideais vermelhos sempre lhe tributou sentido aplauso. Admirava-lhe, louvava-lhe
a seriedade, a coragem, a dedicação, a arte. Era assim no Benfica. Era assim o
Benfica. Muitos, muitos anos depois, deve ser, pode ser, tem de ser assim o
Benfica.
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